As horas de trabalho nas organizações conquistaram (ainda mais) território do que anteriormente à agenda pessoal, nomeadamente ao tempo dedicado à família, e multiplicam-se os alertas relacionados com a degradação da saúde mental.
Os dias passam a estar colados uns aos outros, o sono noturno deixa de ser reparador, a saúde física degrada-se, fruto de uma alimentação descuidada e da total ausência de exercício, torna-se difícil organizar os pensamentos por consequência do atropelo de múltiplos pensamentos, extingue-se a sensação de tranquilidade.
Alguns de vós reveem-se em algumas passagens desta descrição, apesar de não sentirem que estão exaustos? Se for o caso, há que ter muito cuidado, pois este fenómeno funciona um pouco como uma inundação – o nível de água vai subindo sem darmos conta e quando percebemos já fez demasiados estragos!
A literatura é abundante e a investigação profunda nesta temática do bem-estar organizacional, e este artigo não pretende somar nem subtrair a esse espólio, trata-se de mera observação. Parecem existir motivos objetivos e subjetivos, ou seja, pessoas que ficam exaustas porque aritmeticamente não dispõem de horas suficientes para dar conta de todas as tarefas que têm a seu cargo, para a duração que elas exigiriam; e pessoas que ficam exaustas devido ao contexto em que vivem e antes de atingirem sequer esse “limite aritmético”.
Apesar de tudo, o primeiro motivo e mais racional, parece ser mais simples de resolver, caso seja possível redesenhar o equilíbrio existente no binómio recursos-tarefas. O segundo motivo, eminentemente emocional e também mais complexo, carece de maior atenção e profundidade de intervenção. Em ambos teremos necessariamente que lidar com consequências pessoais e organizacionais, que redundam invariável e respetivamente em menor felicidade e menor competitividade.
Na linha da frente do combate a esta situação surgem as tradicionais ações de formação em Gestão do Tempo, que as organizações providenciam ao colaboradores, independentemente da raiz do problema. Distinguir urgências de prioridades, aprender a dizer não, definir blocos temporais para responder a e-mail e telefonemas, entre outras táticas, pode ser útil para determinadas situações mais “aritméticas”, mas não passam de um paliativo para as questões mais complexas. Podem até ser contraproducentes para essas pessoas… Muitas destas abordagens poderão estar condenadas ao fracasso se, primeiramente, não forem identificados os verdadeiros motivos que conduzem à sensação de exaustão e se for assumido que após essas sessões tudo depende apenas do colaborador que “agora já sabe o que tem de fazer”.
1. Perceber que, de facto, há um problema em nós para resolver – parece evidente, mas é logo aqui neste primeiro ponto que tudo fica sem efeito, até porque é muito mais fácil identificar sinais nos outros do que em nós próprios. Uma ação imersiva de sensibilização tem sido uma boa forma da Immersis ajudar os seus clientes neste aspeto. Wake-up and smell the coffee!
2. Parar e ganhar uma nova perspetiva – naqueles momentos em que tudo parece ser impossível, importa perceber quais são as verdadeiras consequências de pararmos. Tentar imaginar o que aconteceria se de repente deixássemos de estar disponíveis, como evoluiriam os temas que temos em mãos? Conseguimos antever? Teriam todos o mesmo grau de gravidade?
3. Ter coragem para fazer diferente – muitos de nós falham precisamente aqui, depois de uma boa avaliação de cenários alternativos, falta a coragem para dar o primeiro passo em fazer diferente e persistir nessa direção. Coragem para assumir que alguma coisa vai ter de ficar para trás, ou que algo poderá vir a ter consequências na nossa carreira, mas que apesar de tudo poderá não ser tão importante como a nossa felicidade.