O que fazer em relação às escolhas

Geral
15/01/2020

O Ford Modelo T entrou em produção em 1908 e foi o primeiro carro a ser produzido em massa com eficiência, usando uma linha de montagem. Até ao final da produção em 1927, 15 milhões foram produzidos em Michigan, nos EUA. Durante os primeiros quatro anos de produção, o Ford Modelo T estava disponível apenas em três cores – verde, cinza e vermelho. No entanto em 1914, a tinta preta ficou barata e, juntamente com sua durabilidade, levou a que todos os Ford Model T fossem pintados de preto. Daqui surgiu a famosa frase “os clientes podem possuir um Ford em qualquer cor, desde que seja preto”.

Mais de 100 anos depois, uma parte significativa do mundo vive hoje rodeada por uma crescente abundância de escolhas. Num momento onde atingimos mais do que qualquer outra geraçao conseguiu, encontramos por todo o lado exemplos reais de insatisfação por não se fazer mais, ter mais. O nosso sucesso é agridoce, e resulta sobretudo de termos atualmente a possibilidade de escolher como nunca.

Crescemos com base no paradigma de que quanto mais escolhas temos, mais liberdade temos… mas mais recentemente temos percebido que ter demasiadas opções de escolha produz ansiedade e traz dificuldades, sobretudo a quem não está treinado para o fazer bem. O nosso contexto amplifica o stress sobre nós… e é fácil ver quem nos é próximo lutar sempre por ter o melhor possível, acabando por ceder à pressão, tanto social como a que é auto infligida, assumindo-se por vezes como “infeliz”.

O processo de escolha pode todavia, ser mais consciente e saudável, mesmo aos dias de hoje. Isso requer melhorar a nossa inteligência emocional, sobretudo o autoconhecimento e o autocontrolo, para depois com prática deliberada, conseguirmos escolher melhor, sem que o processo de tomada de decisão nos traga consequências negativas.

A consciência crescente de que estamos a fazer a “escolha certa” é muito importante. Pensar e responder às perguntas Porquê isto? Porquê agora?… ajuda-nos a perceber efectivamente as razões de tal decisão. É sobretudo quando estamos confortáveis com as razões da escolha [e não com o objeto material que essa decisão nos trouxe] que nos sentimos mais satisfeitos e que nos sentimos mais tranquilos com o processo.

Também nos ajuda partir do princípio de que não será possível, nesse caso, voltar atrás com a decisão tomada. Este facto leva a que seja facilitado o processo mental de aceitação, dado que não podemos “devolver” ou reverter a mesma. Quando assumimos que esta decisão que vamos tomar é definitiva, a nossa predisposição para encontrar a melhor opção aumenta e a nossa satisfação com a mesma será superior.

A prática da gratidão e a consciência de que não ganhamos nada com o arrependimento permite-nos também canalizar a nossa energia na melhoria do nosso bem estar pessoal e na relação com os outros. É extraordinário o que ganhamos emocionalmente da prática regular da gratidão e a forma como esta impacta o nosso desejo em querer “mais através de menos”.

É ainda importante reconhecer e valorizar os constrangimentos que existem já no nosso dia-a-dia, sem os quais a quantidade de escolhas seria ainda maior. As regras que a sociedade impõe permitem-nos lidar melhor com o que há para decidir, pois garantem que temos liberdade dentro dos limites. Ter a consciência de que estes limites nos ajudam a decidir tranquilidade e garante que que não gastamos todo o nosso tempo numa luta para sobreviver.

Hoje, 14 empresas de automóveis detém 55 marcas no mercado. Se pensarmos só nestas, e fizermos uma estimativa grosseira abaixo do valor real, de que cada marca tem 10 modelos, cada modelo tem 5 versões e cada versão tem 10 cores alternativas… são 27.500 escolhas possíveis. E não chegámos sequer às customizações possíveis. Pode ser avassalador, claramente.

Tornar consciente e limitar significativamente o processo de escolha, considerá-las de vez em quando não reversíveis, convencer-nos de que não há espaço para arrependimento e agradecer os limites atuais são algumas das dicas que podemos seguir para lidarmos melhor com as decisões nos tempos de hoje. Quanto melhor preparados estivermos na tomada de decisão, melhor estaremos para decidir bem nas nossas empresas e na nossa vida. Há programas e experiências que em 2020 nos podem ajudar neste tema. Vamos praticar?

Artigo para INFORH, escrito por Luís Rosário Partner da Immersis

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