O documento é extraordinário, as conclusões desafiantes e as reflexões desconcertantes sobre como hoje se criam, gerem e desenvolvem equipas de elevado desempenho e o papel que a própria empresa e a sua estrutura devem ter nos mesmos. Fica neste artigo o nosso convite para a leitura do estudo, que vale muito a pena.
REFLEXÃO SOBRE A CONEXÃO E O COMPROMISSO
A história da Atlassian transcende a narrativa corporativa; é um espelho que reflete o anseio por conexão e propósito que nós, os humanos, sempre tivemos, e que também levámos para as organizações. A jornada dos encontros de equipa, desde a era industrial até a era digital, reflete felizmente uma mudança significativa nas prioridades organizacionais — da eficiência produtiva para a criatividade e o envolvimento. E está agora mais do que comprovado que estas atividades melhoram KPIs como produtividade, envolvimento dos funcionários, retenção e desempenho geral. São essenciais não só para o bem-estar dos funcionários mas também para a saúde organizacional, impactando diretamente a inovação e a competitividade no mercado.
Mas… já não estamos todos, todos os dias, no escritório e inevitavelmente, esta conexão é abalada. O caso da Atlassian é ainda mais extremo do que a maioria das organizações. O “Team Anywhere” trabalha remotamente, pode ir no mínimo uma vez ao escritório por trimestre e pode trabalhar em qualquer lado, desde que tenha 4 horas síncronas com a restante equipa. Audaz, certo? Também achamos que sim. Por isso é que a história nos interessou. Em particular a solução dos “ITG”.
Mais do que um programa, são um testemunho vibrante da transformação no mundo laboral, onde a presença física se desvanece mas a conexão e colaboração se mantém muito necessária. Ciente da sua importância, foram feitos mais de 1.600 encontros de equipas em 1000 dias na empresa. Muito mais do que reuniões, estes ITG são momentos de introspecção coletiva, onde a distância se dissolve num mergulho intenso de comprometimento mútuo. A satisfação notável dos participantes [96%] é testemunho de um fenómeno mais profundo: a reconstrução do sentido de equipa num mundo fragmentado carece de método, propósito e intensidade.
A PROFUNDIDADE DA APRENDIZAGEM COLETIVA
Na essência descrita pelo CEO desses encontros, descobrimos várias verdades: a aprendizagem é mais que a aquisição de conhecimento; é uma experiência que deve ser vivida, partilhada e profundamente humana. Histórias como as dos nossos “Chain Reaction” da Immersis revelam como desafios partilhados se podem tornar oportunidades para crescimento e autoconhecimento e foi interessante ver esta conclusão amplificada.
Mas o que realmente surpreende é que o momento não fica pela aprendizagem ou transferência de conhecimento. Os ITG na Atlassian são cuidadosamente desenhados em função do que é pretendido para aquela equipa e ajustados para responder aos seus desafios específicos. Pode ser hackathons para encontrar novas soluções, sessões silenciosas para reforçar presença e escuta, momentos de codevelopment para incentivar partilha e empatia entre pares.
O que pedagogicamente resultar melhor. Adicionalmente, transvasam o dia, entram noite dentro, fomentam refeições partilhadas, promovem a diversão, a aprendizagem e a contemplação conjunta e cultivam de forma intensa a cultura de interconexão desejada.
A pesquisa da Atlassian mostra que os Encontros Intencionais entre equipas, realizados aproximadamente 3 a 4 vezes por ano, resultaram num aumento de 27% no sentimento de conexão, um efeito que persiste durante quatro a cinco meses. Estes encontros não são apenas uma oportunidade para avançar projetos importantes [sim, porque também se trabalha muito em colaboração nesses dias], mas também um momento para os novos membros fortalecerem laços, crucial para a sua integração e satisfação na empresa. A Atlassian verificou ainda que os encontros melhoram a percepção sobre produtividade, comunicação e eficácia da equipa, tanto para líderes como para liderados.
ESPAÇOS DE CONEXÃO: ALÉM DAS PAREDES CONVENCIONAIS
Com um impacto tão significativo, o desenho dos escritórios tem vindo a mudar. As sedes e filiais pelos países têm agora espaços onde os encontros ocorrem em ambientes concebidos para inspirar e facilitar a interação, desde salas virtuais, jardins interiores, locais fisicamente adaptados para hackathons ou atividades colaborativas a locais que amplificam aprendizagens, facilitam a execução de novas experiências e possibilitam a reflexão. Cada espaço preparado para receber um ITG é um convite à conexão, um palco para co-criação e inovação e permitem a diversidade de pensamento e a colaboração transversal, elementos essenciais para uma organização adaptável e inovadora que a Atlassian quer ser.
O AMANHÃ DO TRABALHO RESIDE NO HOJE
A experiência da Atlassian, entrelaçada com as jornadas de outras organizações e vivenciada nas nossas práticas na Immersis, destaca uma realidade inegável: no futuro do trabalho, não são os quilómetros que separam as equipas, mas sim a qualidade e a intencionalidade dos momentos partilhados. Num mundo cada vez mais digital, estes encontros são o terreno fértil para a confiança florescer, para o compromisso se reforçar, para o conflito saudável existir, esculpindo o futuro corporativo que terá de ser cada vez mais adaptável, mas ainda intrinsecamente humano.
Esta narrativa sobre esta empresa Australiana, mas que é de todo o lado, confirma novamente a nossa crença de que os encontros de equipa intencionais, os team buildings, longe de serem acessórios, são a espinha dorsal de organizações resilientes, criativas e integradas. Por isso devem ser cuidadosamente curados, ultra impactantes e verdadeiramente imersivos.
Fonte: Lessons learned: 1,000 days of distributed at Atlassian