Inspiração
24/04/2024
Recentemente, a Universidade da Califórnia em Berkeley revelou uma metodologia de aprendizagem por reforço que utiliza sinais de intervenção humana1, uma abordagem promissora para aprimorar o treino de sistemas de IA em ambientes complexos. Este método, que dá prioridade ao reconhecimento de erros em vez de tentar garantir que a resposta seja perfeita à primeira tentativa, espelha uma verdade fundamental sobre a natureza humana: aprender com os erros é uma das formas mais poderosas de crescimento pessoal e profissional… e é mesmo interessante perceber que também funciona melhor para IA, demonstrando que o erro é um catalisador de desenvolvimento.
A ideia base é simples mas mantém-se poderosa. Imaginem um pianista a aprender uma nova peça. Tocar essa peça perfeitamente à primeira tentativa será difícil. Implicaria treino lateral, memorização profunda e horas de simulação mental para garantir que acerta à primeira, o que é raro. É mais provável que o pianista cometa erros, os reconheça e os corrija ao longo do tempo, resultando num processo de aprendizagem mais realista e eficaz. Este método de aprendizagem é valioso porque os erros fornecem pistas sobre o que precisa ser melhorado, permitindo um crescimento e desenvolvimento mais genuínos e duradouros. É desta forma que se aprende “melhor”.
Na Immersis, acreditamos que a aprendizagem não deve ser uma jornada para a perfeição, mas sim um processo contínuo de experimentação, adaptação e superação. Ao invés de aspirar a uma execução sem falhas, encorajamos a adoção de um “mindset de curiosidade” que acolhe o erro como uma oportunidade de desenvolvimento… mas que é apenas o ponto de partida.
Para além do reconhecimento e correção de erros individuais, é essencial desenvolver sistemas que suportem e reforcem a aprendizagem e a mudança comportamental contínua. Hoje em dia, não basta apenas o indivíduo esforçar-se para mudar2 (e todos nós sabemos como é difícil iniciar novos hábitos ou fazer upgrade das nossas características). É necessário um sistema à sua volta que proporcione feedback constante, que ofereça oportunidades regulares de reflexão e que incentive a prática deliberada. Este sistema pode incluir ferramentas de acompanhamento de progresso, comunidades onde se pratica em conjunto, e momentos estruturados para revisão e ajuste de comportamentos.
Recordo um exemplo extraordinário do Seth Godin3 sobre este tema onde o sistema foi muito mais eficaz do que o apelo ao esforço. Para uma mudança efetiva, precisamos de sistemas de suporte como os que descreve onde estruturas robustas complementam a dedicação individual.
Hoje em dia, com a guerra pelo talento cada vez mais intensa, as organizações precisam de focar-se não só nos benefícios. São necessários mecanismos que promovam a colaboração e o crescimento. A aprendizagem e a mudança comportamental não são meramente pessoais, mas sistémicas, e devem ser apoiadas por toda a empresa.
A nossa abordagem à aprendizagem está fundamentada na experiência. Proporcionamos situações que desafiam, que convidam à reflexão e que, acima de tudo, promovem a consciencialização para a mudança. É através da vivência e da interação que o conhecimento se consolida, que as competências se expandem e que a mudança comportamental se solidifica. Mas não ficamos por aí, porque sabemos que a jornada é contínua.
Toda a dimensão da transferência, prática deliberada e transformação comportamental está por trabalhar em Portugal. E essas serão batalhas que queremos ganhar em 2024 para podermos elevar o patamar da aprendizagem experiencial.
