Apneia comportamental ou mudança?

Geral
13/07/2020

Passaram quatro meses de intensa aprendizagem…
Não conheço outra forma mais eficaz de explicar o que é e para que serve um “ARG” do que refletir sobre estes quatro meses.
Antes de mais, “ARG” significa Alternate Reality Game e trata-se dum jogo onde nem sempre é possível fazer uma separação entre a nossa realidade quotidiana e a realidade proposta pelo jogo.
Este tipo de jogo tem sido uma permanente inspiração utilizada pela Immersis para explicar o que é a imersão e para que servem as experiências imersivas.
Utilizamos estes “ARG” para levar os seus participantes a aprender, a sentir e a querer mudar.
De certo modo, é o que está a acontecer-nos há quatro meses, de forma intensa.

De um dia para o outro vimo-nos confrontados com a impossibilidade de estarmos perto uns dos outros, impelidos a utilizar uma máscara cirúrgica para não infetarmos aqueles que, eventualmente, estivessem perto de nós, pois sabíamos e sabemos muito pouco acerca da possibilidade de estarmos infetados, mas assintomáticos.
Fechámo-nos durante 14 dias para tentar fazer reset a uma realidade que não conhecíamos, lavámos e lavamos as mãos como se não houvesse amanhã e passámos a trabalhar remotamente, levando ao limite o equilíbrio entre a gestão do foco e a gestão do contexto domiciliário. Tudo isto e muito mais tivemos de saber integrar no nosso “jogo diário”.
Uma nova realidade.

Agora imaginemos por instantes que tudo isto que está a acontecer no mundo é o enredo dum jogo!
As regras do jogo são estas que conhecemos ao longo dos últimos quatro meses e o objetivo é muito simples: cada um de nós tornar-se melhor do que era – melhor em todas as dimensões e perspetivas que possamos imaginar, desde a saúde e o bem-estar até à felicidade, do relacionamento interpessoal ao desenvolvimento de competências e por aí adiante.
Damos por nós a jogar esse jogo tão intensamente e de forma tão imersiva que, passado algum tempo já não conseguimos distinguir exatamente qual é a realidade “real” e qual é a realidade do jogo. Ou será que sempre demos especial atenção à jornada percorrida pelas mãos, as nossas e sobretudo, as dos outros?
Foi o jogo que provocou essas alterações em nós. É isto que um ARG faz.

Um ARG (um “serious ARG”) serve, então, para nos ajudar a modificar comportamentos, recorrendo à vertente experiencial da aprendizagem. Quando participamos num ARG somos levados a fazer coisas duma forma que na realidade “real” não faríamos e isso permite-nos retirar conclusões acerca dessas novas “formas de fazer”.

Façamos agora um ligeiro desvio no nosso fio de raciocínio através duma pergunta: este jogo levou-nos a alterar muitos comportamentos na nossa vida, mas será que podemos falar de mudança?
O contexto mudou e nós mudámos com ele, de forma quase coerciva, adotando alguns hábitos que entendemos serem positivos e saudáveis, portanto, em alguns aspetos mudámos para melhor, fazendo frente a uma ruidosa notoriedade duma nova e exigente realidade.
Mas gradualmente, à medida que essa notoriedade diminui de volume, ou seja, ouvimos falar menos do tema e estamos menos alerta, damos por nós a facilitar, voltando lentamente ao paradigma antigo, mesmo nos comportamentos que deveríamos perpetuar (ex: já não lavamos tão frequentemente as mãos; já nem sempre espirramos na direção do cotovelo; já não fazemos tanto exercício físico como no período de confinamento; etc.).

Esta é a grande questão com que se confrontam diariamente pessoas e organizações: como assegurar mudança comportamental?
Passaram 4 meses de intensa aprendizagem…de ritualização de novos hábitos, de grande oportunidade de mudança individual e organizacional, mas não sabemos o que vai perdurar. Provavelmente, deveríamos tornar permanentes aqueles comportamentos que nos transformaram a vida para melhor.
Isso implica coragem, veremos.

Na Immersis não temos as respostas todas, mas temos algumas:
– as abordagens experienciais, ou imersivas, aplicadas ao domínio do desenvolvimento de competências e da mudança comportamental têm um impacto mais relevante ao nível da “intenção de aplicar o que aprendi”, do que apenas falar sobre estes temas numa sala de formação – como fica demonstrado neste “ARG da vida real”;
– se pretendemos implementar efetiva mudança comportamental teremos de operar uma alteração das variáveis contextuais, quer no domínio pessoal, quer no domínio organizacional (ex: se queremos que as pessoas à nossa volta adotem o inglês como língua oficial da organização, temos de falar em inglês com elas e só obterão feedback se falarem em inglês);
– os comportamentos só irão perdurar se houver coragem, dos próprios e das organizações que pretendem ver alterados esses comportamentos.

Uma última provocação: sabe exatamente o comportamento que quer mudar em si ou na sua organização?
Comece por aí…ou fale connosco!

Carlos Moreira, Partner da Immersis.

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