Ao terminar, Eliud Kipchoge, o homem que fez história ao completar a maratona em menos de duas horas estava feliz. “Quero inspirar muitas pessoas a pensar que não há limites para o Homem. Somos capazes”, disse. Este queniano superatleta, que se preparou durante meses para o desafio, correu os 42 quilómetros completamente focado… O corpo, o coração e a mente alinhados em torno do objetivo que estava traçado.
Este foco, a busca pela “atenção plena”, um termo muitas vezes referido como mindfulness está longe de ser algo recente. A sua origem encontra-se no budismo, 2.500 anos antes deste boom que parece surgir agora. Muito se fala atualmente do tema, seja no mundo corporativo, académico ou nas redes sociais, resultado de uma crescente preocupação da sociedade em assegurar melhorias no seu bem estar psicológico.
Os benefícios conhecidos são vários. É já consensual que desde tornar o pensamento mais positivo, reduzir o stress e ansiedade, reforçar a memória à contribuição para melhores relações, esta filosofia, cujos princípios permitem recentrar o foco através de uma melhor gestão dos nossos recursos internos, permite viver de forma mais sã.
A maioria das técnicas de mindfulness especificam que devemos ter os nossos olhos fechados. É verdade que para muitos é mais fácil atingir o estado de “atenção plena” assim, principalmente para os iniciantes, pois sabemos que menos sentidos ativos implicam menos diversidade de estímulos captados. Já todos passámos por situações no passado onde a privação de algum dos sentidos aconteceu. Já sabemos que estes momentos aguçam os outros sentidos. Estas experiências obrigam-nos a focar e dar o melhor de nós, ficando muitas vezes marcadas na nossa mente… inesquecíveis.
As experiências de privação de sentidos, mais ou menos intensas, ajudam no desenvolvimento da atenção plena. São um elemento cada vez mais relevante para uma jornada de crescimento emocional que é a base para o nosso crescimento profissional. Todavia, não bastará certamente um ou dois momentos para vermos melhorias significativas. Nesta componente, é necessária uma rotina na prática para que os benefícios surjam, mas as experiências são eficazes catalisadores do processo de tomada de consciência necessário que precisamos para nós ou para os nossos colaboradores.
Eliund Kipchoge treina 300 dias por ano num nível de exigência física e mental máximo. Corre sempre com um sorriso nos lábios, que encoraja o seu cérebro a libertar hormonas que aliviam a dor. Os seus aceleradores de performance foram a tecnologia (meteorologistas, sapatilhas especiais, etc.) e a sua equipa (41 atletas de alta competição foram acompanhando Kipchoge e iam sendo trocados com apoio de um carro em grupos de sete a cada cinco quilómetros), fundamentais para o feito histórico em Viena.
Os fundamentos do sucesso deste homem estão na sua biologia, no contexto onde cresceu e na sua capacidade mental e foco. Para sermos melhores, pouco pudemos fazer em relação aos dois primeiros… mas podemos hoje cada vez mais experienciar e melhorar a nossa atenção plena. Fica o desafio!
Artigo para INFORH, escrito por Luís Rosário Partner da Immersis.