A capacidade de estar atento aos outros

Geral
22/07/2021

Quem nunca abanou afirmativamente a cabeça numa conversa sem estar a ouvir patavina do que a outra pessoa lhe estava a dizer… que atire a primeira pedra!

Este fenómeno não está, necessariamente, relacionado com a falta de interesse na conversa em causa ou na outra pessoa.

Basta pensar que isto já aconteceu com os nossos melhores amigos e até com os nossos filhos. Quando eles nos estão a explicar aquela brincadeira divertida que fizeram, à qual nós assentimos novamente com um vago “sim, sim” e um aceno de cabeça, mas na nossa mente está a acontecer algo como: “acho que me esqueci de colocar o meu chefe em Cc naquele e-mail!”.

Efetivamente, em muitos momentos, parecemos estar em modo de piloto-automático e somos incapazes de estar verdadeiramente atentos aos outros.

As consequências nas organizações são imensas: identificar necessidades de clientes torna-se quase impossível; o ato de liderar é feito de forma muito descuidada; aportar valor a uma equipa passa a ser mais raro e redundante; gerir o tempo parece ser uma tarefa hercúlea e o nosso bem-estar nunca evidencia tranquilidade e equilíbrio.

Até podemos entender que estamos a ser mais eficientes quando pagamos a eletricidade ao mesmo tempo que falamos ao telefone com um amigo e que brincamos com os nossos filhos. Entenderão até alguns que estão a funcionar numa “lógica de multitasking”. Mas se se perguntar a si mesmo o que lhe disseram os seus amigos ou os seus filhos, provavelmente vai chegar a uma conclusão contrária.

De uma forma resumida, podemos dizer apenas que quando não conseguimos estar genuinamente atentos aos outros, o nosso desempenho baixa consideravelmente.

É um facto científico que passamos uma parte significativa do nosso dia (e da nossa vida) fora do tempo presente, sobre isso já todos ouvimos falar. Também se tornaram buzzwords as ferramentas que nos podem ajudar a mitigar esse facto.

O que nem sempre ouvimos dizer é que estar profundamente atento aos outros é também profundamente cansativo.

Aliás, esta será a principal razão pela qual o nosso cérebro muda para o tal modo de piloto-automático sempre que possível, recorrendo à memória de longo prazo, onde estão armazenadas as tarefas que já conseguimos “realizar sem pensar” (ex: acenar com a cabeça e demonstrar conexão com outro): poupar energia.

Tal como noutras capacidades, também esta pode ser treinada: perceber que estamos em piloto-automático, parar e prestar atenção – mas é difícil e cansativo.

Porque não experimenta agora mesmo para tirar as suas próprias conclusões?

O exercício é simples, oiça uma canção e analise em detalhe a sua letra, interpretando cada palavra. Logo que perceba que se distraiu dessa tarefa porque a sua mente divagou, registe o tempo decorrido da música. Repita com outra música e tente ir mais longe, realize o processo uma terceira vez. No final deste exercício, como se sentiu?

Muitas respostas diferentes para pessoas diferentes, certamente. Mas tenho a certeza que, na próxima vez que escutar essas músicas,

Nada será como dantes.

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