Estas pessoas têm vários fatores distintivos, mas sobretudo nunca se cansam ou demonstram resistência à aprendizagem.
A maioria de nós funciona de forma diferente. Privilegia o domínio do que faz até ao ponto em que se torna “automático”, armazenando esse conhecimento noutra parte do cérebro que a partir desse momento nos permite cumprir tarefas ou trabalho cognitivo de forma fácil e eficiente.
Há vários exemplos disso no nosso dia-a-dia. Quando chegamos a casa e não nos lembramos do caminho que fizemos de carro, quando andamos de bicicleta, quando cumprimos uma rotina matinal ou de trabalho já há muito consolidada.
Racionalmente sabemos que o contexto atual exige capacidade de adaptação, mas a mudança é cansativa e faz-nos despender imensa energia, pelo que naturalmente acabamos por não acolher bem quando nos pedem para aprender a fazer “diferente”. E quase todos nós, aposto, já passaram por isto… “Um novo software?” “Uma nova forma de fazer?”, “Um novo chefe?”, “Mais uma formação!?”… a lista é longa.
Sabemos também que a forma “habitual” de fazer levou-nos a ser de algum modo especialistas. A mudança levará à perda de um sentimento de competência, que não sabemos se iremos recuperar… e ninguém gosta de se sentir “incompetente”.
Partilhamos 5 boas práticas que recomendamos, para diminuir esta resistência a aprender algo diferente em contexto profissional:
• Garantir que as equipas conhecem e percebem a necessidade da mudança. O seu buy-in prévio diminui a resistência. Não deixem que o contexto e enquadramento da mudança seja gerado na mente dos participantes
• Conseguir que os experts do tema façam o co-design da experiência. Se os participantes souberem que o desenho teve contributo de quem é “referente”, a vontade para participar aumenta significativamente.
• Fazer o teste e melhoria da experiência antes e depois do rollout. É importante garantir um feedback loop que permita melhorar aprendizagem antes da sua disseminação. Nenhum professor prepara a “aula perfeita” à primeira tentativa e a leciona sempre da forma inicial.
• Identificar um kpi já medido que seja impactado pela aprendizagem. Encontrar uma medida da organização que possa ser influenciada pelo treino garante responsabilização dos participantes e diminuição das barreiras para a aprendizagem – nós vamos melhor neste indicador.
• Apostar na continuidade e ritualização. Ninguém muda comportamentos após 2 horas de enquadramento teórico, uma discussão de grupo e um roleplay. Mesmo com experiências muito impactantes o desafio de transferência para o dia-a-dia é significativo. É necessário forçar a prática, a recordatória, o conforto com a transformação necessária, até que seja novamente “automática”.